Entre os dias 26 e 28 de agosto de 2016, foi realizado o 4ª Litercultura – Festival literário de Curitiba, que contou com a participação de 17 autores e autoras, além de vários encontros, oficinas, saraus e shows musicais. O evento se distribuiu por diversos locais da cidade, sendo eles: Praça Garibaldi – Largo da Ordem, Cinemateca, Casa da Leitura Dario Velloso, TUC (Galeria Júlio Moreira), Teatro Londrina e Cinemateca.
26 de agosto
Panorama Paranístico
Para dar a dimensão da produção literária paranaense e sua importância na cena editorial brasileira, o Litercultura promove o encontro de mais de 50 autores do estado – com exposição e venda de livros seguidas de sessões de autógrafos, conferência do poeta Ivan Justen Santana sobre a literatura paranaense e sarau com leituras acompanhadas pelos músicos Marcelo Torrone e Gabriel Schwartz.
27 de agosto
Salomé em cena – Fausto Fawcett e Cia do Urubu
Mediação: Marcelo Bourscheid
O mito bíblico de Salomé e sua versão teatral pelo escritor irlandês Oscar Wilde são o ponto de partida de mais um trabalho de pesquisa da Companhia de Teatro do Urubu, numa parceria entre o dramaturgo, escritor e compositor Fausto Fawcett e da atriz e diretora Nadja Naira (da Companhia Brasileira de Teatro). Ambos falam da adaptação e fazem leitura dramática do espetáculo.
Paraísos perdidos – Beatriz Bracher e Lourenço Mutarelli
Mediação: Yuri Al’Hanati
A romancista e contista Beatriz Bracher – que em livros como Azul e Dura, Antonio, Meu Amor e Anatomia do Paraíso confronta subjetividades angustiadas com a aflitiva realidade brasileira – encontra o universo infernal do prosador, dramaturgo e artista gráfico Lourenço Mutarelli – autor de O Cheiro do Ralo, O Natimorto e O Grifo de Abdera.
Totalidade fragmentada – Luiz Ruffato e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira
Mediação: Christian Schwartz
Em mesa promovida pelo Itaú Cultural e pelo Prêmio Oceanos, o encontro entre Luiz Ruffato – finalista do Oceanos 2015 – e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira – contemplado pelo projeto Rumos – marca a confluência de romances que representam a totalidade a partir do fragmento. Da metrópole estilhaçada de Eles eram muitos cavalos e do multifacetado painel de Inferno provisório, de Ruffato, ao coro de vozes interioranas de As visitas que hoje estamos, de Figueiredo Ferreira, o rural e o urbano, o público e o privado, o arcaico e o moderno expressam, pela mescla de gêneros, os grandes malogros e as pequenas utopias da precária experiência brasileira.
O visitante do vazio – Juliano Garcia Passanha
Mediação: Manuel da Costa Pinto
Na trilogia Sabedoria do nunca; Ignorância do sempre; e Certeza do agora, Juliano Garcia Pessanha compôs um universo em que ficção, ensaio, poesia em prosa e fragmento se apresentam como diferentes formas (para além de qualquer formalismo linguístico) de abordar as fraturas existenciais. Com Instabilidade perpétua, essa trilogia integra agora Testemunho transiente – “obra incompleta” (pois a incompletude é o motor da escrita incandescente de Pessanha) desse escritor que também poderia ser descrito como filósofo, não fosse sua recusa da nomeação e de qualquer forma de enclausuramento do ser numa identidade fixa.
Ficção explícita, identidades ocultas – Jacques Fux e Anna P.
Mediação: Manoela Leão
Depois de Antiterapias, romance vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2013, Jacques Fux enveredou, em Brochadas, pela história das frustrações sexuais de filósofos, escritores e artistas. Se o humor judaico de Fux satiriza com irônica erudição as próprias experiências (reais ou ficcionais), dando voz a ex-namoradas, no palco do Litercultura ele dialoga com a voz da obscena Anna P. – autora do mais do que explícito Tudo que eu pensei mas não falei na noite passada, que permanecerá fora de cena para ocultar sua identidade.
Sarau erótico – Sex Libis
Mediação: Manoela Leão
O sarau Sex Libris – com leitura de textos que violam os limites entre o erótico e o pornográfico – entra na programação do Litercultura, promovendo encontro entre Jacques Fux, o escritor Otávio Linhares, a atriz Iria Braga (que recita textos de Anna P.), a poeta e compositora Estrela Leminski, o escritor e compositor Fausto Fawcett e a mediadora Manoela Leão.
28 de agosto
Entre Éden e Apocalipse – Eduardo Spohr
Mediação: Sandro Moser
Maior fenômeno brasileiro do gênero fantasia, Spohr é o criador das séries A Batalha do Apocalipse e Filhos do Éden. Por trás do caráter fantasioso dessas sagas, está um estudioso da jornada do herói no cinema e na literatura, um escritor cujas referências na mitologia, na história das religiões e na ficção de autores como Tolkien e Stephen King se associam a uma atmosfera de perpétua batalha entre forças arquetípicas e antagônicas – projetando fantasmas históricos num Rio de Janeiro futurista e em espaços celestiais habitados por guerreiros e arcanjos, feiticeiros e demônios.
Escritas da despossessão – Vladimir Safatle
Mediação: Manuel da Costa Pinto
Filósofo que utiliza as ferramentas do pensamento de esquerda, da arte e da psicanálise para analisar a formação do corpo político contemporâneo e para compreender como ocorre hoje a intervenção política sobre os corpos, Vladimir Safatle fala – a partir de seu mais novo livro de ensaios, O circuito dos afetos – sobre as formas de possessão (e despossessão) que atravessam desde as experiências amorosa e estética até os assujeitamentos dos sujeitos biopolíticos.
O Haiti é aqui – Rei Seely e Fernando Bonassi
Mediação: José Carlos Fernandes
Autor de Subúrbio, romance de 1994 que inaugurou nova fase da ficção urbana brasileira, Fernando Bonassi percorreu diversas formas literárias (romance, conto, ficção infantojuvenil, teatro, roteiro) até sintetizar, com Luxúria (2015), sua visão do naufrágio de nossos sonhos de emancipação social. Aos exílios internos de Bonassi se alternam as vivências do haitiano Rei Seely, que se exilou no Brasil para encontrar outras formas de exclusão, das quais se refugia pela literatura, lançando durante o Litercultura seu primeiro livro de poemas.
Universos em miniatura – Alice Ruiz e Luci Collin
Mediação: Julie Fank
A partir de referências e dicções diferentes – a poesia oriental e a música popular brasileira, em Alice Ruiz; um trânsito entre prosa e poesia que inclui fluxos de consciência e colagens textuais, em Luci Collin –, duas autoras curitibanas que se tangenciam na busca da máxima expressividade da linguagem e da experiência a partir da forma mínima do haikai ou do fragmento, desmontando clichês linguísticos e formas coaguladas para criar universos em miniatura.
Rumo ao sul – Vitor Ramil
Mediação: Manuel da Costa Pinto
O escritor, compositor e cantor Vitor Ramil, autor da novela Pequod e do romance A primavera da pontuação, fala de sua literatura, da cidade imaginária de Satolep (que dá título a um de seus romances e é um palíndromo de sua Pelotas natal) e da proposta de criar uma “estética do frio” – presente tanto em seus livros quanto nas milongas (ou “ramilongas”) que Ramil compôs a partir da leitura de autores como o argentino Jorge Luis Borges e o gaúcho João da Cunha Vargas e que ele canta e comenta ao final do Litercultura.
Todas as sessões da Programação Oficial foram sediadas no Palácio Garibaldi, com exceção da sessão 6 (Sex Libris) realizada no Teatro Universitário de Curitiba (TUC), na Galeria Júlio Moreira.
PROGRAMAÇÃO PARCEIRA
Em todos os anos somam-se ao Litercultura eventos que possuem um fio condutor literário para engrandecer o Festival. É uma programação parceira e gratuita.
25, 26 e 27 de agosto
Oficinas Escola de Escrita
Aulas abertas e Oficinas gratuitas das 09h às 13h na Esc. Escola de Escrita – Rua Riachuelo, 427, centro
25/08, 09h | Literatura Quebradiça, cadê o gênero, com Julie Fank
25/08, 10h | Panorama da Literatura Erótica não-tão-recente, com Vinicius F. Barth
25/08, 11h | Romance: arquitetura da subjetividade, com Cezar Tridapalli
26/08, 09h | Escrita Dramática, com Marcelo Bourscheid
26/08, 10h | Argumentação em tempos de cólera, com Guida Bittencourt
26/08, 11h | Voz e performance, com Michelle Pucci
26/08, 12h | Introdução à mitologia, com Hertz Wendel
27/08, 09h | A crítica literária multiplataforma, com Yuri Al’hanati
27/08, 10h | Filosofia para quem escreve, com Daniel Medeiros
27/08, 11h | Crônica aqui e agora, com Luís Henrique Pellanda
26 de agosto – sexta
Flash mob o leitor
Local: Praça Garibaldi – Largo da Ordem
Intervenção urbana que tem como objetivo o incentivo à leitura. A ideia é simples: o maior número possível de leitores ocupam a praça durante uma hora e geram uma ação desconcertante em meio à rotineira paisagem desse trecho tão movimentado da cidade. Esta ação é uma parceria da Fundação Cultural de Curitiba com o Litercultura. Ao fim, os participantes se dispersam tão rapidamente quanto se reuniram. O flash mob é filho das redes sociais de comunicação que facilitaram a união de pessoas que possuem gostos e interesses em comum. Traga seu livro ou venha simplesmente ouvir um dos leitores presentes.
Cinema
Local: Cinemateca
Filme Jogo da Vida e da Morte, de Mário Kuperman (1972)
Inspirado em Hamlet, de William Shakespeare, o filme conta a tragédia de João que descobre num terreiro de candomblé que seu tio, chefe do tráfico, matara seu pai. A suspeita se confirma quando, numa roda de samba, ele vê seu tio cantar uma música que descreve o crime. Uma trilha de sangue, num ritual de vingança, atingirá ainda outros personagens próximos a João e seu tio.
Elenco: Odete Lara, Juca de Oliveira, Walter Cruz, Chocolate, Sérgio Mamberti. Classificação Indicativa: 14 anos
27 de agosto – sábado
Sarau literatura underground de Curitiba
Local: Casa da Leitura Dario Velloso
Sarau Especial da Literatura Underground de Curitiba. Leitura de obras de referência de autores e da literatura undergound de Curitiba e homenagem especial ao escritor Reinaldo Atem. Refletindo uma tradição na cidade, o Sarau era realizado no Wonka Bar e no projeto Ebulição Marginal, promovido na atual Casa de Leitura Marcos Prado.
Sarau Popular de Curitiba
Local: TUC (Galeria Júlio Moreira)
Encontros artísticos realizados em comunidades da cidade e em locais de pouco acesso cultural, como clubes de mães, escolas públicas e associações de moradores. Conduzido pela leitura de poesia geralmente com o próprio poeta. Incorpora também dança, música e artes plásticas. É articulado, a partir da Feira do Poeta da Fundação Cultural de Curitiba, com os Escritibas na Rua (grupo de autores sem distribuidora).
Sarau literário do Colégio Positivo
Local: Teatro Londrina
Venha valorizar a cultura brasileira por meio de apresentações musicais e declamações de textos. O Sarau Literário do Colégio Positivo desenvolve a sensibilidade e o gosto pela leitura, além de identificar jogos de palavras, as rimas e repetições, além das intenções do autor. É uma ótima oportunidade para prestigiar esse entretenimento que permite aos participantes revelarem-se e sentirem-se motivados a mostrar seu gosto pelas palavras e pela música.
Cinema
Local: Cinemateca
Filme Ran, de Akira Kurosawa (1985)
Ran é um filme franco-japonês de 1985, do gênero drama de guerra, com roteiro baseado na peça King Lear de William Shakespeare.
No Japão do século 16, um senhor feudal decide dividir suas posses entre os três filhos. Os mais velhos se tornam rivais e começam a lutar pelo controle total das terras, o que ameaça arruinar os domínios da família. O filho mais novo, que quer se manter fiel ao pai, é banido pelos irmãos e é o único com coragem para lhe contar o que está acontecendo.
Elenco: Tatsuya Nakadai, Akira Terão, Jinpachi Nezu, Daisuke Ryû, Mieko Harada, Yoshiko Miyazaki, Hisashi Igawa. Classificação Indicativa: 16 anos
28 de agosto – domingo
Cinema
Local: Cinemateca
Filme O Casamento de Romeu e Julieta, de Bruno Barreto (2005)
O Casamento de Romeu e Julieta aborda o tema Shakespeariano do amor impossível entre dois jovens, filhos de famílias rivais. Em vez da cidade italiana de Verona, seus personagens vivem na moderna e trepidante São Paulo e a rivalidade, aqui, surge do futebol. Ela é uma torcedora Palmeirense. Batizada em homenagem aos ídolos do Verdão “Juli” de Julinho e “eta” de Echevarietta, julieta (Luana Piovani) é centroavante do time feminino do Palmeiras. Seu pai (interpretado por Luis Gustavo), diretor do clube, não admite que a filha namore alguém que torça por outro time. Romeu (Marco Ricca), corintiano roxo, conhece Julieta e faz o impossível para conquistar a bela e sua família: finge ser palmeirense a ponto de se tornar sócio do clube e frequentar os jogos do Verdão. A mentira gera uma série de confusões, mal entendidos, acontecimentos inesperados e absolutamente deliciosos entre as duas famílias rivais.
Elenco: Luana Piovani, Marco Ricca, Luis Gustavo. Classificação Indicativa: 10 anos